A Saga da Plantona

Preciso confessar um negócio pra vocês: Hoje saí determinada em praticar um roubo.

Tem uma planta Costela-de-Adão que fica na frente de uma lanchonete que eu sempre passo em frente. A situação dela era lastimável! Estava no pior lugar possível que uma planta da espécie dela poderia ficar: Uma calçada. Esta planta gosta de sombra e lugares úmidos, e ela tava lá coitada, torrando debaixo do sol. Fora que as folhas enormes acabavam sendo machucadas com a circulação das pessoas, que esbarravam nela sem dó. Da última vez que a vi restava uma folha parcialmente rasgada, uma tristeza!

Pois hoje eu queria dar um fim no sofrimento dela. Saí com uma faca, pá e tesoura na bolsa. Fiz o caminho até o local do crime, a cabeça a mil: “Vou tentar tirar ela usando a pá, se ficar difícil talvez eu tenha que cortar com uma faca, será que ela brota? E se tiver câmera de segurança? E se eu aparecer no Fantástico? Mulher é flagrada roubando planta na frente de comércio. Talvez eu possa alegar abandono e maus tratos. Existe alguma lei que protege as plantas? E se eu conversasse com o dono do lugar, será que ele deixaria eu levar a planta? E se ele dissesse não? Plantas tem sentimentos?”

Mas quando finalmente cheguei ao local, veio a decepção: O vaso não estava mais lá! Provavelmente jogaram ela fora porque estava “feia demais” pra ficar exposta. Putz! Fui almoçar me sentindo culpada por não ter tomado nenhuma atitude antes deste fim inevitavelmente trágico.

Na volta passei novamente em frente à lanchonete e suspirei, desviando o olhar de onde ela ficava, mas quando olhei pro lado, quem é que estava lá jogada num canto igual lixo, raízes expostas, folha murcha, lutando pela sobrevivencia?? Ela mesma! Agarrei a plantona e trouxe pra casa! De consciência limpa, já que no fim não precisei roubar, hehe.

Já coloquei ela num vaso, dei água e coloquei perto de uma amiga da mesma espécie para trocar umas idéias e ajudar na recuperação.

Força plantona! Que aqui nóis não salva só bicho, salva planta também, hehe.

Eu muito orgulhosa do meu resgate, ainda dentro do elevador!